sexta-feira, 27 de abril de 2012

Arquitetura pessoal

A vida apresenta-se dinâmica e exige-nos constantes reformulações. Desde que nascemos até a morte recebemos muitas informações e as assimilamos. Amadurecemos, damos um pequeno passo à frente, e vamos revendo os valores de ontem para atualizarmos nosso modo de vida hoje. A maioria de nós foi educada para sermos agradáveis, úteis, eficientes. Na infância as crianças são comparadas aos amigos ou irmãos que são mais comportados, que vão melhor na escola e que não causam problemas. Assim, somos desde muito cedo convidados a adotarmos um comportamento padrão, não obstante a distância que se esteja deste ideal. O objetivo da criança, antes de mais nada, é sentir-se aceita e amada. E, para isso, poderá abrir mão de suas tendências para encaixar-se nas expectativas que as figuras importantes em sua vida têm dela. Afastados de sua essência a persona toma lugar, obscurecendo o sujeito original que um dia existiu. Não raro, desenvolvemos nossa personalidade sobre a identificação com a persona. Construimos uma autoimagem distorcida e mutilada, com a qual nos relacionamos com nós mesmos e com o mundo. Dá-se um desequilíbrio psíquico pela amputação da alma. Porém, um potente mecanismo de autorregulação psíquica entra em ação, pedindo reparo. Sofremos, nos inquietamos, adoecemos, até nos dispormos a empunharmos o cinzel da individualidade para nos reesculpirmos, libertando nosso ser da dura casca da persona que obscureceu nossos sentidos e estreitou nossa visão por anos a fio. Libertos do casulo a alma pulsa, podendo ser novamente, liberta da opressão e dos conflitos do parecer ser.

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